Entrevista Exclusiva— Alinne Rosa fala sobre o novo EP e seu reencontro com a música

Enviado em 11/12/2025
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Entrevista Exclusiva— Alinne Rosa fala sobre o novo EP e seu reencontro com a música

Foto: Yago Mesquita

Com uma carreira consolidada e marcada pela força de sua identidade artística, Alinne Rosa segue se reinventando na música brasileira. Em uma nova fase profissional, a cantora vive um momento de amadurecimento criativo, refletido em composições mais pessoais, intensas e conectadas às suas vivências.

Em entrevista exclusiva, Alinne fala sobre os caminhos que tem escolhido seguir, os desafios enfrentados ao longo da trajetória, suas principais inspirações e o significado por trás de seus trabalhos mais recentes. Um bate-papo direto e sincero que aproxima o público da artista, revelando não só a potência da intérprete no palco, mas também a mulher por trás das canções.

Confira: 


Esse novo EP representa seu primeiro grande trabalho em sete anos. Em que momento você percebeu que estava pronta para voltar a criar e lançar um projeto dessa dimensão?

Não foi um estalo, foi um processo. A música sempre foi um lugar seguro pra mim e me ajudou em diversos momentos difíceis. Quando a vontade de criar, de experimentar e de me ouvir com carinho voltou, aos poucos eu fui me encontrando nesse caminho. Eu nunca deixei de criar, compor e estar nos palcos durante esses sete anos, mas entendi que esse momento é especial pra mim ao ponto de estar entregue ao meu novo álbum. 

O álbum é dividido em duas partes com climas completamente diferentes: um lado introspectivo e outro totalmente voltado para o Carnaval. Como você enxerga essa dualidade dentro da sua própria trajetória emocional e artística?

Essa dualidade sou eu inteira. Sempre fui feita de silêncio e de explosão, de recolhimento e de rua. A primeira parte olha pra dentro, cuida, acolhe. A segunda vai pra fora, dança, grita, celebra. Não são opostos, são complementares. Uma não existe sem a outra, sabe?

O repertório desta segunda parte homenageia o verão e o Carnaval da Bahia com um olhar poético. Quais memórias ou imagens mais te inspiraram durante o processo de composição?

O calor da rua, o trio passando e aquele arrepio coletivo que só quem já viveu sabe. Me inspirei muito na imagem do povo cantando junto, do abraço suado, do olhar que cruza no meio da multidão. É poesia que nasce do chão, da vivência real de quem ama Salvador.

Você comentou que esse retorno é um recomeço após sua luta contra a depressão. Como esse processo pessoal influenciou a sonoridade, a escrita e a atmosfera do álbum?

Ele me deixou mais honesta. Hoje eu não forço alegria nem dramatizo dor. Tudo vem do lugar que é verdadeiro, genuíno, da experiência que vivi sozinha. Isso trouxe uma sonoridade mais leve, mais orgânica, e um jeito de compor mais afetivo. É um álbum que respeita o tempo das coisas, o meu tempo. Estive cercada de muito amor nesse período, meu público entendeu meu momento, e essa é a minha maneira de retribuir.

Essa fase também marca sua reafirmação como intérprete, produtora e compositora. O que mais te motivou a assumir esses papéis de forma tão completa neste projeto?

A vontade de me escutar por inteiro. Depois de tudo que vivi, eu precisava ter autonomia, estar presente em cada decisão. Produzir minhas músicas foi um ato de liberdade e de confiança em mim mesma. O trabalho tem meu toque do começo ao fim e isso é uma sensação que nunca experimentei.

“Outras Palavras” abriu os caminhos desse álbum. Por que essa música foi escolhida para iniciar o projeto e o que ela simboliza dentro da narrativa geral?

Porque ela fala de leveza, de pertencimento, da Bahia, a síntese desse do que esse projeto é. Ela anuncia esse novo ciclo com doçura, sem pressa, convidando o público a entrar comigo.

O EP transita entre samba-pop, afrobeat, reggae leve e, claro, o axé que sempre te acompanhou. Como foi encontrar o equilíbrio entre experimentar novas sonoridades e manter sua identidade tão presente?

Eu nunca tive medo de experimentar, porque minha identidade é muito sólida. O axé é minha raiz, então tudo cresce a partir dele. As novas sonoridades não me afastam de quem eu sou, só ampliam. 

Ao revisitar o Carnaval e a Bahia sob essa nova perspectiva, você descobriu algo novo sobre si mesma como artista ou sobre sua relação com a música?

Descobri que minha relação com a música é, acima de tudo, espiritual. O Carnaval, pra mim, não é só festa, é cura, encontro, pertencimento. Revisitar isso com maturidade me fez entender ainda mais o meu papel como artista.

Somando as duas partes do projeto, qual mensagem você gostaria que o público levasse consigo ao ouvir esse álbum por completo?

Que a gente pode se cuidar, se reconstruir e, depois, dançar de novo. Esse álbum é um convite pra sentir, do silêncio de casa ao trio elétrico.


Agradecemos à Alinne Rosa pela disponibilidade, generosidade e sinceridade ao compartilhar reflexões tão profundas sobre sua trajetória e seu novo momento artístico. Nosso agradecimento também à equipe da cantora, que tornou essa entrevista possível e contribuiu para que esse diálogo chegasse ao público de forma transparente e especial.

Seguimos acompanhando de perto os próximos passos de uma artista que continua se reinventando, fortalecendo sua conexão com a música brasileira e com seu público, sempre com verdade, sensibilidade e identidade.