Velvet Sundown: banda gerada por inteligência artificial viraliza com meio milhão de seguidores e gera debate sobre uso de IA na música
A banda virtual Velvet Sundown vem chamando a atenção do mundo musical nas últimas semanas ao acumular quase meio milhão de seguidores em apenas três meses de existência. A história do grupo, inteiramente criado por inteligência artificial (IA), ganhou repercussão global após reportagem da Music Business Worldwide denunciar a proliferação de artistas digitais produzidos por IA sem qualquer regulação das plataformas musicais.
O caso gerou reações imediatas na indústria, especialmente na Deezer, plataforma francesa de streaming que adotou um alerta visível na página da banda: “Algumas faixas deste álbum podem ter sido criadas usando inteligência artificial”. A iniciativa marca uma postura pioneira no setor, contrastando com gigantes como Spotify e Apple Music, que até o momento não sinalizaram conteúdos gerados por IA.
De acordo com a Deezer, a plataforma utiliza um filtro sofisticado de detecção de músicas produzidas 100% por inteligência artificial, com capacidade de identificar produções feitas por ferramentas populares como Suno e Udio. Além disso, a Deezer afirma poder adaptar essa tecnologia para identificar outras fontes de conteúdo gerado por IA, desde que disponha de exemplos relevantes.
A controvérsia e o contra-ataque da banda virtual
Enquanto isso, a “banda” Velvet Sundown usou as redes sociais para negar as acusações. Em uma publicação no Twitter (agora chamado X), o perfil associado ao grupo classificou como “absolutamente louco” o que chamou de “teoria preguiçosa e infundada” de que o grupo seria gerado por IA, acusando os jornalistas de espalharem informações sem provas concretas.
No entanto, evidências apontam que a banda realmente não existe fisicamente: seus integrantes, fotos, músicas e até mesmo seus dois álbuns completos lançados em junho, cada um com 13 faixas, foram produzidos por IA. O projeto não mantém presença nas redes sociais convencionais, não concede entrevistas nem realiza aparições públicas.
A ascensão da Velvet Sundown no Spotify ocorreu principalmente graças ao algoritmo de recomendações da plataforma, que a impulsionou a alcançar mais de 500 mil ouvintes mensais em apenas três semanas. Curiosamente, as músicas do grupo começaram a integrar playlists temáticas de terceiros, como “Música de Guerra do Vietnã” e “Desert Driving”. Algumas dessas playlists até mudaram de nome após o sucesso das faixas, levantando questionamentos sobre as estratégias de promoção utilizadas.
Embora o grupo seja listado como Artista Verificado no Spotify, sua biografia é vaga e ambígua, apresentando descrições que mais confundem do que explicam, gerando ainda mais mistério sobre a verdadeira natureza da banda.
O debate sobre o futuro da música e a regulação do conteúdo gerado por IA
O fenômeno Velvet Sundown abre uma discussão ampla sobre os impactos da inteligência artificial no mercado musical. De um lado, artistas e produtores veem as ferramentas digitais como novas oportunidades criativas e de produção. Do outro, surgem preocupações sobre a autenticidade, direitos autorais, e a responsabilidade das plataformas na promoção e sinalização desse tipo de conteúdo.
Até o momento, nenhuma das grandes plataformas adotou uma política uniforme para lidar com artistas gerados por IA, e o caso Velvet Sundown pode ser um marco para futuras regulamentações no setor.